Na
primeira reunião do ano, o Fórum Catarinense de Combate aos Impactos
dos Agrotóxicos e Transgênicos contou com a palestra do professor
Leonardo Melgarejo.
Em
2013, a organização americana EWG publicou um estudo que mostra os 12
agrotóxicos com o maior potencial de antecipação da puberdade em jovens.
Uma pesquisa como essa é de extrema relevância social, para que as
pessoas tomem ciência dos efeitos dessas substâncias em sua rotina.
Porém, um conhecimento como este acaba ficando restrito a ambientes como
laboratórios ou universidades. Fazer estes dados chegarem à população
em geral, de forma compreensiva, tende a ser um desafio, e para o
professor Leonardo Melgarejo o caminho é a promoção de uma
"ciência-cidadã". Este conceito foi um dos temas principais da palestra
"Impacto dos Agrotóxicos e Transgênicos" que aconteceu na primeira
reunião plenária do Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos
Agrotóxicos e Transgênicos (FCCIAT) em 2018.
O professor Leonardo Melgarejo é engenheiro agrônomo; mestre em economia rural e doutor em engenharia de produção. Entre 2008 e 2014, foi membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Atualmente, é professor colaborador do Mestrado em Agroecossistemas, da Universidade Federal de Santa Catarina.
O professor Leonardo Melgarejo é engenheiro agrônomo; mestre em economia rural e doutor em engenharia de produção. Entre 2008 e 2014, foi membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Atualmente, é professor colaborador do Mestrado em Agroecossistemas, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Sobre a ciência-cidadã, Leonardo explicou-a como "uma ciência
que ajuda a construir o conhecimento científico, envolvendo a sociedade e
as academias. É a aproximação de vários segmentos da sociedade gerando
conhecimento científico emergente para construir decisões conscientes. E
é um prazer ver que vocês aqui do FCCIAT vem ajudando a construir uma
ciência-cidadã aqui em Santa Catarina", apontou o professor.
A
pesquisa sobre as 12 substâncias que mais provocam alterações hormonais
foi usada como um exemplo desta ciência-cidadã. "São informações
técnicas que as universidades têm conhecimento e que repassadas à
sociedade de maneira clara informariam de que modo podemos evitar os
efeitos dessas substâncias", defendeu Leonardo.
Leonardo
destacou que estudos como este podem contrariar alguns interesses e
mobilizar alguns setores da economia. Setores que, segundo ele, estão
dominando o campo científico, gerando conflitos de interesses nos
resultados das pesquisas científicas. O professor exemplificou os
conflitos de interesse em situações como quando o pesquisador está na
folha de pagamento do laboratório citado na pesquisa, quando a pesquisa
recebeu financiamento de alguma empresa, ou quando há um relacionamento
entre o pesquisador chefe e uma das empresas avaliadas.
A plenária
Além
da palestra, o Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos
Agrotóxicos e Transgênicos aprovou, em votação, a entrada da empresa
Slowfood no grupo. Foi deliberado também que durante 2018, as reuniões
do grupo continuarão acontecendo na primeira sexta-feira do mês, a cada
dois meses, conforme prevê o estatuto.
O
Fórum decidiu por unanimidade apresentar uma série de questionamentos a
Secretaria da Saude a respeito do funcionamento do Laboratório Central
de Saúde Pública de Santa Catarina (LACEN/SC), já que o órgão, em razão
da falta de recursos, não vem realizando análises de monitoramento de
alimentos. De igual modo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) será questionada sobre a forma e periodicidade de divulgação
dos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos (PARA), já que no último relatório só foram analisados os
riscos agudos (momentâneos) e não os crônicos (a longo prazo).
Para
ajudar no planejamento de ações que o Fórum debaterá em 2018, a
Coordenadora do FCCIAT, Promotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa
Souza, apresentou uma proposta de plano de ações. Ficou estabelecido que
o documento será encaminhado aos participantes do grupo para apreciação
e votação na próxima plenária.
Além
de deliberar ações para os próximos meses, o Fórum relembrou o nome de
Anestor Mezzomo, Procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) e um
dos fundadores do FFCIAT. Ele faleceu em um acidente de carro em
janeiro.
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